sábado, 11 de março de 2023

Coleccao Argonauta 7: Inconstancia do Amanha (1954)


Titulo: Coleccao Argonauta 7: Inconstancia do Amanha (1954)
Idioma: PT-PT
Formato: CBR
# Paginas: 275
Scan/Restauro: Ruychi/Ruychi
Tamanho: 94.28MB


Resumo:
"...Perto de campo de aviaA�A�o, nA�o havia o mais pequeno sinal de vida. O Inverno cobria tudo com o seu manto branco, e as ruA�nas e os destroA�os dos edifA�cios, deformados na sua perspectiva pela alvura da neve pareciam negar a sua origem humana...
Nem sequer um pA�ssaro sobrevoava aquele amontoado de pedras e poeiras. A regiA�A�o parecia totalmente morta,, e um triste e subtil sentimento de desolaA�A�o enchia aquele pedaA�o de terra.
E, A� noite, quando o Sol se apagava e as trevas enchiam de sombras e contornos indecisos os escombrdos da povoaA�A�o, na imensa cratera aberta pela explosA�o da bomba cintilavam tA�nues reflexos de luz azul e dA�bil, como fogos-fA�tuos, denunciando a acA�A�o deletA�ria da radioactividade, como guarda insaciA�vel da zona destruA�da, sequisa de mais vA�timas, pronta a aniquilar todo o se que se aproximasse.
A�s vezes, um caminhante interrompia a sua viagem, ao passar no alto das colinas que rodeavam a regiA�o, e olhava para baixo. Mas, em vez de descer, voltava as costas, com a face transtornada pelo receio, e apressava o passo, afastando-se para longe...

Naquele fim de tarde, a neve caA�a de novo, suavemente, imaculada, pontilhando as ruA�nas do hospital de flocos brancos inconscientes, como num esforA�o efA�mero para esconder aos olhos da natureza a loucura dos homens. Alguns desses flocos, no seu caminho imponderA�vel, pousaram nos cabelos e na fronte do homem adormecido... Um deles foi descansar no lA�bio superior, e um fraco sopro de ar, expirado e quente, desfA�-lo numa gota de A�gua cristalina que lhe escorreu pela face, como lA�grimas...
O major Mantley Rawson sentiu que as imagens voltavam a coordenar-se de novo no seu cA�rebro. Um enorme torpor de fraqueza enchia-o, porA�m. Sentia-se incapaz do menor esforA�o... E a consciA�ncia voltava-lhe, aos poucos, como os farrapos de recordaA�A�es que lhe acudiam A� memA�ria. Lembrou-se de Julie e do seu filho Richard... da base de bombardeiros atA�micos que comandara... a ordem de ataque... a operaA�A�o a que fora submetido... o anestA�sico... um, dois, trA�s, quatro... e o horrA�vel ruA�do dos aviA�es e das tremendas explosA�es...
Depois mergulhara na inconsciA�ncia, enquanto o seu amigo Hawtrey, o distinto cirurgiA�o, lhe retalhava o corpo, sob o concerto infernal da batalha atA�mica. Que se passara depois?... Que consequA�ncias teria tido a sua ordem de ataque, dada momentos antes de iniciar a intervenA�A�o cirA�rgica?... Onde estariam a sua mulher e o seu filho?... E onde e como estaria ele prA�prio?...
O espA�rito aclarou-se mais, e a nebulosidade que lhe envolvia o pensamento rasgou-se. Abriu os olhos e contemplou incrA�dulo o panorama de ruA�nas que se lhe deparou e o resto do edifA�cio sem tecto onde se encontrava... Depois, lentamente, soergueu-se da marquesa em que se encontrava estendido, e pA�s-se de pA�...
No limiar de uma porta completamente desfeita e incompleta, observou, de olhos dilatados pelo espanto e pela dor, a imensa e silenciosa desolaA�A�o do que fora antes a sua base militar. NA�o restava pedra sobre pedra... Ao longe, no campo de aviaA�A�o, dos hangares havia apenas os alicerces, e os destroA�os irreconhecA�veis dum aviA�o assinalavam o ponto de partida da poderosa frota que desencadeara este pesadelo...
O major Rawson ensaiava, entA�o, sem saber, os primeiros passos numa vida extraordinA�ria e inacreditA�vel. Essa nova existA�ncia cnduzi-lo-ia junto de seres que nunca imaginara, A� presenA�a de mA�quinas pensantes de inconcebA�vel poder de raciocA�nio, ao contacto com uma civilizaA�A�o degenerada e estranha, evoluA�da da que ele conhecera, rebotalho retrogredido da espA�cie humana. Assistiria A�s fantA�sticas faculdades telepA�ticas que as radiaA�A�es nucleares tinham dado aos pobres seres que as sofreram. Veria como o seu prA�prio nome era ferozmente amaldiA�oado pela Humanidade. E encontraria, a dirigir uma cidade, o maior e mais espantoso cA�rebro electrA�nico que se poderia imaginar. E verificaria, sobretudo, que o fluxo da vida, atravA�s das idades, naA� A� irreversA�vel, que nem sempre tem um A�nico e determinado futuro, o que ele traA�aria como que uma argola fechada na interminA�vel estrada do tempo..."
Eis a "InconstA�ncia do AmanhA�".

Autor: F. G. Rayer
TA�tulo original: Tomorrow Sometimes Comes
1a EdiA�A�o: 1951
Publicado na ColecA�A�o Argonauta em 1954
Capa: CA�ndido Costa Pinto
TraduA�A�o: Fernando Moutinho



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Nota: Este post e' fruto de uma parceria Mundoquadrinhos/TralhasVarias.

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